Nossa lição de hoje é sobre a parábola do filho pródigo. Para começar vamos conceituar a palavra “parábola”. Segundo o dicionário, essa palavra significa: “narrativa alegórica que transmite uma mensagem indireta, por meio de comparação ou analogia.” Só para esclarecer sobre o significado da palavra parábola: uma parábola é uma história curta que ensina uma lição ou transmite uma mensagem, nas parábolas não se pode usar nome de pessoas, é uma forma de ensinar através de exemplos simples e fáceis de entender, o Senhor Jesus Cristo contou muitas parábolas para que os seus ouvintes pudessem entender melhor sua mensagem.
Vamos fazer a leitura da parábola do filho pródigo e fazer as observações necessárias para uma melhor compreensão da mensagem do Senhor Jesus Cristo, que Ele ensinou nesta parábola.
(Lucas 15:11-32).
11 E disse: Um certo homem tinha dois filhos;
12 E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda.
13 E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.
14 E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades.
15 E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos.
16 E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada.
17 E, tornando em si, disse: Quantos empregados de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!
18 Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti;
19 Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus empregados.
20 E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.
21 E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.
22 Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e sandálias nos pés;
23 E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos;
24 Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.
25 E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças.
26 E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
27 E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.
28 Mas ele se indignou, e não queria entrar.
29 E saindo o seu pai, rogava-lhe que entrasse com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos;
30 Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
31 E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas;
32 Mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se.
PRELIMINARES SOBRE A LIÇÃO
Desde o versículo onze até o versículo trinta e dois a parábola do filho pródigo nos chama atenção. Vocês já pararam para pensar o significado da palavra “pródigo”? É importante sabermos os significados das palavras porque assim entendemos melhor na hora da aplicação do propósito da parábola.
Pródigo significa: que esbanja suas propriedades, gastando mais do que possui ou necessita; esbanjador, gastador, perdulário. Como podemos ver, o significado da palavra pródigo tem tudo a ver com a parábola, pois o filho pródigo era gastador e esbanjador.
A PARÁBOLA PROPRIAMENTE DITA
Nesta parábola o Senhor contou que um homem tinha dois filhos. O filho mais jovem chegou-se ao pai e pediu-lhe a herança antecipada. Em alguns lugares a lei permite aos herdeiros pedirem antecipadamente a herança, antes mesmos dos genitores morrerem e foi o que aconteceu. O pai não retrucou e nem se opôs e deu-lhe a devida herança, o rapaz tomou posse do que lhe coube e fez a tão sonhada viagem, parece que era um desejo desse jovem, então agora a oportunidade estava em suas mãos (ao que podemos entender foi o tempo necessário para vender o que ele não podia carregar da herança, como terras, gado etc). Ele então partiu.
UMA TERRA LONGÌNQUA
No versículo 13 encontramos a palavra longínqua, pois ele preferiu ficar o quanto mais longe possível do pai e dos parentes, bem como dos conhecidos, longe havia mais liberdade. Nessa terra distante a opção foi gastar e gastar, sem nenhum cuidado, era tanto dinheiro que parecia não acabar. Há um dito popular que diz: “dinheiro não aceita desaforo”, e foi exatamente o que aconteceu, o rapaz brincou e se alegrou, certamente achou muitos amigos, pois isso sempre ocorre, enquanto tem dinheiro tem amigos e gastou muito nas noitadas de bebidas e mulheres, ele estava se sentindo livre, solto e dono de sua própria vida.
HAVENDO ELE GASTADO TUDO
Vamos verificar o que diz o versículo 14:
E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades.
Duas coisas terríveis aconteceram àquele jovem de um dia para a noite. A primeira foi que o dinheiro que parecia nunca acabar, acabou, pois ele gastou tudo. A segunda é que simultaneamente houve uma grande fome naquele lugar e nesse instante o que era ruim ficou pior, não tinha dinheiro e ainda que tivesse não havia nada para comprar pois aconteceu uma grande fome naqueles dias. E agora? Sem dinheiro e sem comida, pois se não tivesse dinheiro poderia uma vez alguém lhe dar um prato de comida, mas nem isso estava à disposição, a escassez não permite isso. O Senhor disse na parábola que o jovem começou a padecer necessidades, o que mostra uma difícil situação pela qual o moço estava passando.
DE HERDEIRO AO PIOR EMPREGO
No versículo 15, encontramos o seguinte relato:
E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos.
O jovem então foi procurar emprego, situação essa que jamais imaginaria que fosse passar, pois em sua casa seu pai tinha empregados e agora ele estava vivendo uma situação similar, só que pior do que os empregados do pai dele. Chegou a um dos cidadãos da cidade e pediu emprego, foi terrível porque os postos de empregos estavam todos ocupados e somente o de cuidador de porcos estava disponível, a fome apertando no corpo daquele jovem não o deixou pensar e ele aceitou logo de cara, e foi cuidar dos porcos. Quem já criou porcos sabe o quanto o chiqueiro ou baías fedem se não forem lavados diariamente e, no caso do jovem, provavelmente os porcos eram criados no lameiro e o fedor era insuportável. Aqui cabe dizer o seguinte: “Quando o inimigo derruba um crente ele procura o pior lugar para jogá-lo, porque ele odeia crente”. Assim aconteceu a esse jovem.
A FOME TEM A CARA FEIA
Esse ditado popular é verdade, embora a fome não seja um ente, não é uma pessoa, mas quem já passou fome sabe o quanto é difícil. No versículo 16 diz:
E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada.
Provavelmente ele comeu a ração dos porcos, um tipo de mistura de vários restos de comida, milho, trigo, e outros ingredientes, tudo misturado e fermentado, o sabor devia ser horrível. O jovem não tinha opção, ou comia ou morria de fome. A fome era tanta que ele não queria só provar, ele queria encher o estomago como se aquela comida fosse o último alimento. Neste versículo diz que ninguém lhe dava nada. Realmente aqui não se trata de mesquinhez dos cidadãos da cidade, era porque não tinha mesmo, pois uma grande fome abateu-se sobre aquela terra. Não havia comida nem para os de casa quanto menos para um estrangeiro.
UMA REFLEXÃO A TEMPO
O rapaz naquele instante teve um momento de lucidez e faz a seguinte reflexão, vejamos o que diz o versículo 17:
E, tornando em si, disse: Quantos empregados de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!
Ele então lembrou dos empregados do pai, que eram alimentados com abundância de pão e ele estava naquela situação. Nessa reflexão ele deve ter pensado em quantas vezes recusou a comida feita em casa, “não quero isso”, “não quero aquilo”, como muitos jovens hoje fazem na hora da alimentação, ficam escolhendo comida e muitas das vezes zangados com os pais porque não tem a comida que eles querem. Na reflexão o jovem deve ter se arrependido do que tinha dito em casa. Certo é que ele reconheceu sua situação e ficou muito triste por ter escolhido essa vida.
A HORA DA ATITUDE
O jovem não estava mais suportando aquela situação então resolveu tomar uma atitude, não havia mais como esperar, não tinha mais saída, então ele diz o seguinte para si mesmo:
(Lucas 15:18-19). 18 Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; 19 Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus empregados.
Ele então resolve voltar, e diz pra si mesmo o que vai dizer ao pai quando chegar, ele preparou sua confissão, e com humildade disse que nem era mais digno de ser chamado de filho e que o pai poderia tratá-lo como um dos empregados da casa, tudo o que ele queria era ter a proteção do pai, o abrigo de um lar, não importava o que ele sofresse, ele estava de volta pra casa, era tudo o que ele queria. Aqui entendemos o que é um verdadeiro arrependimento, sem condições: “me perdoe e receba de volta este indigno filho”.
O MELHOR DIA DA VIDA DO JOVEM
Ele então volta para casa.
(Lucas 15: 20-24). 20 E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.
21 E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.
22 Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e sandálias nos pés;
23 E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos;
24 Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.
Nestes quatros versículos encontramos o mais profundo significado do amor de um pai para com um filho. O pai viu o filho de longe; o pai se moveu de íntima compaixão; o pai o beijou. O pai ouve a confissão do filho e sem demora ordena aos empregados que tragam a melhor roupa e mandou que fosse colocado um anel precioso na mão do filho e uma sandália nova nos pés. Ordenou ainda que fosse trazido um bezerro cevado e disse: comamos e nos alegremos, porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E a festa começou.
A REAÇÃO DOS DE CASA
Quando digo “a reação dos de casa”, me refiro aos crentes que estão dentro da igreja, mas aqui na parábola se refere ao jovem que estava em casa, trabalhando e desfrutando das coisas do pai, embora estivesse cego e não percebesse o quanto estava sendo ingrato com o pai e com o irmão.
(Lucas 15:25-28) 25 E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças.
26 E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
27 E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.
28 Mas ele se indignou, e não queria entrar.
A atitude do irmão mais velho foi terrível, pois estava cheio de amargura com o irmão e zangado com a atitude do pai, e começou a alegar que era trabalhador e que cuidava de tudo e nunca tinha sido reconhecido. Esse homem ficou bravo, não queria acordo e precisou o pai intervir para resolver a situação e foi isso que o pai fez, relembrando-o que ele estava em casa e tudo estava a disposição dele. As palavras do pai foram as seguintes:
(Lucas 15:28-32).
29 E saindo o seu pai, rogava-lhe que entrasse com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos;
30 Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
31 E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas;
32 Mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se.
UM HOMEM IRRECONCILIÁVEL
O Pai precisou conversar com o filho mais velho, que pensava ser a pessoa mais importante para o pai. Ele disse ao pai que o servia a tantos anos, disse também que era obediente e que não transgredia as ordens do pai, e que o pai nunca tinha dado um cabrito para ele comer com os amigos. Aqui vemos uma pessoa cheia de amargura e inveja, estava na casa do pai rico e se sentia pobre, tinha tudo e não tinha nada. Mas o pai ainda lhe disse umas palavras de afeto: “Tu sempre estás comigo, e doas as minhas coisas são tuas.”.
CONCLUSÃO E APLICAÇÃO DA LIÇÃO
Nesta lição podemos observar claramente que se trata tanto de uma alma não salva que reconhecendo seu pecado volta para Deus e de uma alma salva que tendo se desviado do caminho voltou para a casa do Pai.
Outro ponto muito importante foi a reação do pai à volta do filho, pois ao invés de jogar na cara que ele tinha perdido tudo e que não tinha mais direito a nada, o recebeu com alegria, perdoando o erro do filho.
O fato de o pai ter abraçado, dando uma roupa nova e um anel e preparado uma festa para o filho que voltou nos mostra que a realidade é bem diferente nas igrejas, pois em algumas quando o desviado volta ele é visto com reservas, pois temos dificuldade de acreditar novamente na pessoa que abandonou a igreja e depois voltou.
As vezes até mesmo quando uma alma se converte tem nos faltado a alegria e a empolgação, isso é visto no pequeno número de consolidadores que temos nas igrejas, tem nos faltado interesse pelos novos na fé no sentido de edificá-los e fortalecer a fé deles com ensino, oração e apoio.
Quanto ao filho “zangado” que com raiva ficou se queixando que não teve os mesmos privilégios do irmão que desperdiçou tudo, a vida desse sujeito nos mostra uma realidade que desagrada a Deus. A igreja é composta de todos os membros, até mesmo os que achamos não ser de grande importância, eles são para Deus e para a igreja de grande importância. Não podemos querer receber na igreja privilégios em detrimento dos outros, quem quer ser o maior seja o menor. Assim nos ensinou o Senhor.
Deus, nosso Pai e o Senhor Jesus Cristo, eternamente bendito, nos abençoe.
