Ele nasceu num tempo em que o povo de Deus estava sofrendo muito, a escravidão era geral, até porque este povo estava em terra estranha e os tempos de refrigério devido a um homem que Deus usou havia passado, esse homem já tinha morrido, e os tempos de bonança foram transformados em amargura e sofrimento. Foi exatamente neste tempo, no meio da amargura e da perseguição que este homem nasceu.
No primeiro capítulo de Êxodo, versículo oito, diz:
8 E levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José.
Aqui começa a história desse homem, sobre o qual nós faremos a nossa exegese. A geração de José e de seus irmãos já tinham morrido, conforme nos diz o versículo seis, do capítulo primeiro, agora era outra geração, e o novo rei que tinha subido ao trono do Egito não conhecera a José, o hebreu que se tornou governador do Egito.
O novo rei do Egito mandou afligir os filhos de Israel, pois temia que esse povo numeroso pudesse um dia levantar uma rebelião contra o Egito e assim massacrá-los. Todavia, mesmo diante de todas as opressões, o povo se multiplicava, como diz em Êxodo 1:12.
12 Mas quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam, e tanto mais cresciam; de maneira que se enfadavam por causa dos filhos de Israel.
Não sabendo o que fazer com esse crescimento, o rei do Egito tomou a decisão de eliminar os meninos que nascessem das hebreias, assim só ficavam as meninas, o que na imaginação deles não seriam nenhuma ameaça.
Para executar esse plano maligno de eliminar os meninos que nascessem das mulheres hebreias, foram chamadas duas parteiras, que cuidavam dos partos das filhas de Israel.
Êxodo 1:15-17.
15 E o rei do Egito falou às parteiras das hebréias (das quais o nome de uma era Sifrá, e o da outra Puá), 16 E disse: Quando ajudardes a dar à luz às hebréias, e as virdes sobre os assentos, se for filho, matai-o; mas se for filha, então viva. 17 As parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram como o rei do Egito lhes dissera, antes conservavam os meninos com vida.
Após ter o rei do Egito percebido que não podia contar com as parteiras, ele então decreta que todos os meninos que nascessem deveriam ser jogados no rio, a intenção era que ao jogarem os meninos no rio morreriam afogados e seriam devorados pelos crocodilos.
Êxodo 1:22. 22 Então ordenou Faraó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio, mas a todas as filhas guardareis com vida.
Foi nesse contexto que nasceu o personagem de nossa exegese de hoje, seu nome é Moisés.
Um homem da casa de Levi se casou nessa época e a mulher ficou gravida, conforme está relatado em Êxodo 2:1-3:
1 E foi um homem da casa de Levi e se casou com uma filha de Levi. 2 E a mulher concebeu e deu à luz um filho; e, vendo que ele era formoso, escondeu-o três meses. 3 Não podendo, porém, mais escondê-lo, tomou uma arca de juncos, e a revestiu com barro e betume; e, pondo nela o menino, a pôs nos juncos à margem do rio.
Quando o menino nasceu, sua mãe conseguiu escondê-lo por três meses, depois desse tempo era impossível continuar escondendo o menino. A ideia foi fazer uma arca de junco, ela revestiu a pequena arca com barro e betume, assim não tinha como a água entrar. Feito isso ela colocou o menino dentro da arca e soltou no rio. A mãe de Moisés vê pela fé que algo bom iria acontecer com o menino. Ela creu.
Nesse dia a filha do rei do Egito, chamado de faraó, foi tomar banho com as criadas e enquanto andavam pelas margens do rio, a filha do faraó avistou a arca e mandou que uma delas fosse pegá-la, quando trouxeram a arca (cesto) para a filha do faraó, viram que dentro havia um menino.
Êxodo 2:5-6. 5 E a filha de Faraó desceu a lavar-se no rio, e as suas donzelas passeavam, pela margem do rio; e ela viu a arca no meio dos juncos, e enviou a sua criada, que a tomou. 6 E abrindo-a, viu ao menino e eis que o menino chorava; e moveu-se de compaixão dele, e disse: Dos meninos dos hebreus é este.
A mãe de Moisés, que se chamava Joquebede, disse para a irmã de Moisés, que se chamava Miriã, que ela ficasse observando de longe o que iria acontecer, quando esta viu que a filha de faraó encontrou o cesto foi correndo e deu a ideia que a princesa desse o menino para uma ama hebreia para cria-lo até o menino desmamar. Aqui encontramos a providência de Deus em meio ao caos.
Moises nasceu em tempos de opressão e escravidão, porém Deus o colocou dentro do palácio do rei do Egito. Nos versículos 8 e 9 do capítulo dois, Miriã leva o menino a sua mãe, ela cria e no tempo determinado o menino é entregue a filha de faraó, conforme fora combinado.
Êxodo 2:10. 10 E, quando o menino já era grande, ela o trouxe à filha de Faraó, a qual o adotou; e chamou-lhe Moisés, e disse: Porque das águas o tenho tirado.
A vida de Moisés foi um milagre desde a concepção até o seu nascimento, pois a criança que era para ser morta, agora está no palácio do rei.
Sua criação foi muito especial, vivendo dentro do palácio, ele teve os mesmos privilégios dos outros filhos do faraó. No livro de Atos capitulo 7 versículo 22-23, nos fala da instrução que foi dada a Moisés dentro do palácio.
22 E Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e obras. 23 E, quando completou a idade de quarenta anos, veio-lhe ao coração ir visitar seus irmãos, os filhos de Israel.
O número quarenta aparece algumas vezes na vida de Moisés. Pois conforme lemos, aos quarenta anos ele foi visitar seus irmãos, os filhos de Israel, esta passagem nos mostra que embora ele estivesse morando dentro do palácio, ele conhecia a sua origem. Até porque ele passou um bom tempo na casa de sua mãe, que também era escrava, por isso sua mente não esqueceu suas origens.
Foi nessa visita ao campo de trabalho forçado, que aconteceu o episódio do homicídio, pois Moisés não suportou o sofrimento de um hebreu e assim ele matou um egípcio que estava maltratando israelita.
Atos 7:24. 24 E, vendo maltratado um deles, o defendeu, e vingou o ofendido, matando o egípcio.
Moisés já imaginava que ele era o escolhido de Deus para a missão de libertar o seu povo, observem e leiam Atos 7: 25-29. Moisés fora descoberto e temeu ser morto pelo faraó, pelo fato dele ter matado o Egípcio, assim Moisés fugiu para a terra de Midiã.
Êxodo 2:15 15 Ouvindo, pois, Faraó este caso, procurou matar a Moisés; mas Moisés fugiu de diante da face de Faraó, e habitou na terra de Midiã, e assentou-se junto a um poço.
O sacerdote de Midiã tinha sete filhas e foi nesse poço que Moisés mostra o seu valor como homem forte, e no incidente ele vence os pastores que implicavam com a filha do sacerdote.
Esse fato chegou ao conhecimento de Reuel (Êxodo 2:16-20), o próprio Reuel mandou chamar Moisés e recebendo-o com alegria, com um certo tempo, este homem deu a Moisés sua filha Zípora, assim Moisés casa com a filha desse homem. Nos versículos 21 e 22 de êxodo capítulo dois, Moisés já está casado e dessa união nasce o seu filho Gerson. (Êxodo 2:22).
Os filhos de Israel estavam sendo oprimidos, o Faraó havia morrido e subiu ao trono outro Faraó, mais cruel e que não conhecera a José. Em Êxodo 2:23-24:
23 E aconteceu, depois de muitos dias, que morrendo o rei do Egito, os filhos de Israel suspiraram por causa da servidão, e clamaram; e o seu clamor subiu a Deus por causa de sua servidão. 24 E ouviu Deus o seu gemido, e lembrou-se Deus da sua aliança com Abraão, com Isaque, e com Jacó; 25 E viu Deus os filhos de Israel, e atentou Deus para a sua condição. Deus se lembrou do seu povo, Deus ouviu as orações, o clamor subiu até os céus.
Enquanto isso, Deus fala a Moisés no monte, foi assim a magnífica aparição:
Êxodo 3:1-6. 1 E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto, e chegou ao monte de Deus, a Horebe.
2 E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia.
3 E Moisés disse: Agora me virarei para lá, e verei esta grande visão, porque a sarça não se queima.
4 E vendo o Senhor que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. Respondeu ele: Eis-me aqui.
5 E disse: Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa.
6 Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus.
É fundamental que leiamos o texto completo que relata essa visão, pois o próprio Moisés inspirado pelo Espírito Santo escreveu. A visão aconteceu no monte Horebe, esse monte tem aproximadamente 2.285 metros de altura, até o pico. Moisés viu uma chama de fogo, essa foi a forma que o Anjo do Senhor apareceu a Moisés na sarça. Moisés diz para si mesmo: eu irei ver de perto essa maravilha. Quando ele se aproxima o Senhor brada e diz para ele não se aproximar, apenas deveria tirar as sandálias dos pés, porque o lugar é terra santa. Moisés era temente a Deus e ele sabia que poderia morrer se desobedecesse a ordem.
O Anjo do Senhor é Jesus Cristo pré-encarnado, nessa aparição o Senhor confirma que é o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó (Ex.3:6). Nesse momento Moisés cobre o rosto porque temeu olhar para Deus. Aqui observamos que não há nenhuma dúvida sobre a divindade do Senhor Jesus Cristo, nessa visão Moisés viu o que se chama de teofania (que são aparições do Senhor Jesus Cristo antes de se encarnar).
O propósito daquela visão era enviar Moisés para libertar os filhos de Israel do jugo egípcio, para isso o Senhor iria enviar este homem que ele havia preparado no palácio do Faraó e no deserto.
Êxodo 3: 7-9, 7 E disse o Senhor: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores. 8 Portanto desci para livrá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra, a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel; ao lugar do cananeu, e do heteu, e do amorreu, e do perizeu, e do heveu, e do jebuseu. 9 E agora, eis que o clamor dos filhos de Israel é vindo a mim, e também tenho visto a opressão com que os egípcios os oprimem.
A vida de Moisés terá, a partir desse momento, um novo rumo. Foram quarenta anos no palácio do faraó, e agora após mais quarenta anos, Moisés vê uma grande maravilha, que dá início à sua nova jornada.
Atos 7:30. 30 E, completados quarenta anos, apareceu-lhe o anjo do Senhor no deserto do monte Sinai, numa chama de fogo no meio de uma sarça.
Moisés está perplexo, a visão foi maravilhosa, e agora o Senhor vai dizer qual a missão de Moisés. Diante de tanta maravilha, Moisés entende a missão, mas tem um pensamento em relação ao nome de Deus, pois como ele iria dizer aos filhos de Israel quando estes perguntassem pelo nome de Deus?
Êxodo 3:10-14.
10 Vem agora, pois, e eu te enviarei a Faraó para que tires o meu povo (os filhos de Israel) do Egito.
11 Então Moisés disse a Deus: Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?
12 E disse: Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: Quando houveres tirado este povo do Egito, servireis a Deus neste monte.
13 Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi?
14 E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.
Sempre que eu leio esse glorioso nome “Eu Sou o que Sou”, me faz lembrar em quando o Senhor Jesus Cristo se fez carne, como Ele se identificou dizendo: Eu sou o pão da vida (João 6:35); Eu sou a luz do mundo (João 8:12); Eu sou a ressurreição e a vida (João 11:25). Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso. (Ap.1:8). Não é coincidência é o Senhor que se manifestou a Moisés, se manifestou a todos nós. Jesus Cristo é o EU SOU O QUE SOU, que apareceu e falou a Moisés.
O QUE MOISÉS DEVERIA DIZER AOS FILHOS DE ISRAEL?
O Senhor diz o que Moisés deveria dizer aos israelitas ao chegar no Egito. Vamos fazer uma observação lendo o texto. (Êxodo 3:15-17).
15 E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração.
16 Vai, e ajunta os anciãos de Israel e dize-lhes: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, me apareceu, dizendo: Certamente vos tenho visitado e visto o que vos é feito no Egito.
17 Portanto eu disse: Far-vos-ei subir da aflição do Egito à terra do cananeu, do heteu, do amorreu, do perizeu, do heveu e do jebuseu, a uma terra que mana leite e mel.
Deus diz que Ele é o Deus de Abraão, e de Isaque e de Jacó, mostrando que este é o seu nome, o seu memorial. (Ex.3:15). Então Moisés devia declarar que a partir daquele momento começava a jornada da liberdade, para a terra que mana leite e mel.
Moisés deverá ir ao rei do Egito acompanhado dos anciões de Israel. A presença desses homens era fundamental porque respaldava a Moisés como representante do povo de Israel. Assim disse o Senhor:
Ex. 3:18. 18 E ouvirão a tua voz; e irás, tu com os anciãos de Israel, ao rei do Egito, e dir-lhe-eis: O Senhor Deus dos hebreus nos encontrou. Agora, pois, deixa-nos ir caminho de três dias para o deserto, para que sacrifiquemos ao Senhor nosso Deus.
A proposta inicial era que o Faraó libertasse o povo para que eles fizessem um sacrifício ao Senhor, após caminharem três dias. Se levarmos em conta as pessoas idosas, animais, crianças e a organização do povo, não temos com precisão quantos quilômetros o povo caminharia por dia. Mas essa distância seria suficiente para a libertação, pois o Faraó não os alcançaria.
Todavia o Senhor deixou claro que o Faraó não aceitaria isso, pois o propósito de Deus além de libertar o seu povo era fazer com que o Faraó sentisse o quanto a mão de Deus é forte, e para que no decorrer dos acontecimentos, não somente o Faraó fosse punido, mas também a todos os egípcios, principalmente aqueles feitores que maltratavam os filhos de Israel.
Ex. 3:19-20. 19 Eu sei, porém, que o rei do Egito não vos deixará ir, nem ainda por uma mão forte. 20 Porque eu estenderei a minha mão, e ferirei ao Egito com todas as minhas maravilhas que farei no meio dele; depois vos deixará ir. Esse foi o plano de Deus, a libertação estava garantida, mas antes dela o Senhor acertaria as contas com Faraó e o seu povo.
O Senhor também comunica que haverá um pagamento, mesmo que simbólico, porque nada paga o sofrimento e a escravidão, mas o Senhor diz que o povo de Israel não sairá de mãos vazias.
Ex. 3:21-22. 21 E eu darei graça a este povo aos olhos dos egípcios; e acontecerá que, quando sairdes, não saireis vazios, 22 Porque cada mulher pedirá à sua vizinha e à sua hóspeda joias de prata, e joias de ouro, e vestes, as quais poreis sobre vossos filhos e sobre vossas filhas; e despojareis os egípcios.
O Senhor disse: “despojareis os egípcios”. Isto é, ninguém sairia de mãos vazias, haveria riqueza nas mãos dos filhos de Israel, que seriam doadas pelos egípcios.
CONCLUSÃO E APLICAÇÃO
- O que aprendemos até aqui da vida de Moisés?
- Como Deus preparou Moisés para a missão de libertador?
- Como Deus se revelou a Moisés?
Podemos aprender muito sobre a maneira de Deus agir no decorrer da história para o bem do seu povo.
Deus nos abençoe.